CP-500 – Cartão de Referência, Recriação do original por Luiz Pacheco

Computador CP-500: Uma Lenda da Informática Brasileira

O CP-500 é um dos marcos mais icônicos da computação brasileira. Produzido pela empresa Prológica entre 1982 e 1987, esse computador pessoal ajudou a moldar o cenário da informática no Brasil, oferecendo uma alternativa nacional ao TRS-80 norte-americano, com o qual era compatível tanto em termos de software quanto de hardware.

Neste artigo, vamos explorar as características, a história e a importância do CP-500 na história da informática no Brasil.


O Surgimento do CP-500

O CP-500 foi criado em uma época em que o Brasil buscava fortalecer sua indústria nacional de tecnologia, seguindo a política de reserva de mercado para a informática. Nesse contexto, a Prológica lançou o CP-500, que rapidamente se tornou popular entre escolas, universidades e pequenas empresas devido à sua robustez e capacidade de processamento.

Compatibilidade com o TRS-80 Modelo III

Uma das principais vantagens do CP-500 era sua compatibilidade com o TRS-80 Modelo III, um dos computadores mais populares nos Estados Unidos na época. Isso permitia que o CP-500 utilizasse grande parte dos programas desenvolvidos para o TRS-80, o que foi um grande atrativo para os consumidores brasileiros.

Design e Construção: Uma Obra de Luciano Deviá

O gabinete do CP-500 foi desenhado por Luciano Deviá, um designer brasileiro que deixou sua marca na história dos computadores nacionais. Feito de resina de poliuretano, o design do CP-500 era robusto e prático, com um teclado profissional integrado ao gabinete. A construção sólida do computador garantia durabilidade e resistência, mesmo após anos de uso intenso.

Especificações Técnicas

Linguagem de Programação: BASIC

O CP-500 utilizava a linguagem de programação BASIC, que era amplamente utilizada na época por sua simplicidade e acessibilidade. A BASIC permitia que usuários com pouco conhecimento técnico pudessem programar e desenvolver pequenas aplicações no CP-500.

Teclado Integrado e Gabinete

O teclado profissional, com 65 teclas, era uma das características que chamava a atenção no CP-500. Integrado ao gabinete, facilitava o uso do computador e oferecia uma boa experiência de digitação para a época.

Display e Modos de Exibição

O CP-500 vinha com um monitor de fósforo verde de 12 polegadas integrado ao gabinete, o que era comum na época. Suas opções de exibição incluíam:

  • 16 x 64 texto
  • 16 x 32 texto
  • 24 x 80 texto (nos modelos posteriores ao M80)
  • 128 x 48 monocromático (modo gráfico)
  • 512 x 192 monocromático (alta resolução) – necessário compra de uma placa separadamente.

Essa variedade de modos de texto e gráficos tornava o CP-500 versátil tanto para aplicações empresariais quanto para a educação.

Processador Zilog Z80A: O Coração do CP-500

O processador do CP-500 era o Zilog Z80A, funcionando a uma velocidade de 2,0 MHz (No modelo Turbo chegava a 4MHz). Esse processador era amplamente utilizado em computadores da época e era conhecido por seu desempenho eficiente em tarefas que envolviam cálculos e operações lógicas, características importantes para o uso educacional e profissional do CP-500.

Memória: De 48 KiB a 64 KiB

O CP-500 vinha com 48 KiB de memória RAM como padrão, mas era possível expandir essa capacidade para até 64 KiB, o que permitia rodar programas mais complexos (deixava o CP 500 compatível com o disco com sistema CP/M) e armazenar mais dados temporários na memória do sistema.

Portas de Expansão e Conectividade

O CP-500 contava com uma porta de expansão traseira, o que possibilitava a conexão de periféricos adicionais, como impressoras e outros dispositivos. Além disso, havia conectores para até duas unidades de disquetes externas, o que era uma vantagem significativa para quem precisava armazenar e transferir grandes volumes de dados.

Armazenamento e Dispositivos Externos

O CP-500 suportava drives de disquete e também era compatível com gravadores de cassete da época, como o modelo National RQ-2222M. Isso oferecia flexibilidade no armazenamento e acesso a dados, especialmente em um período em que os disquetes e fitas cassete eram os principais meios de armazenar programas e arquivos.

Som: Simples, mas Funcional

Embora o CP-500 não fosse voltado para multimídia, ele possuía alto-falantes internos, que permitiam emitir sons simples, suficientes para jogos e notificações básicas de sistema.

O Papel do CP-500 na Educação Brasileira

O CP-500 foi amplamente utilizado em instituições de ensino no Brasil, especialmente em cursos de informática e de introdução à programação. A compatibilidade com a linguagem BASIC e sua facilidade de uso o tornavam ideal para educadores e estudantes. Muitas escolas compraram o CP-500 para uso em laboratórios de informática, contribuindo para a alfabetização digital de milhares de brasileiros.

Legado e Impacto no Mercado de Computadores

O impacto do CP-500 no mercado brasileiro foi significativo. Ele ajudou a popularizar o uso de computadores no Brasil, em um momento em que a importação de tecnologia estrangeira era difícil e cara. A Prológica conseguiu posicionar o CP-500 como uma solução confiável e acessível para as necessidades de pequenas empresas e instituições de ensino.

Curiosidades sobre o CP-500

  • O CP-500 tinha uma versão específica para uso educacional, com software pré-instalado para facilitar o aprendizado.
  • Embora fosse robusto, o CP-500 esquentava bastante após horas de uso, o que era um problema comum para computadores da época.
  • O modelo CP-500 chegou a ser exportado para outros países da América Latina, tornando-se um símbolo da engenharia brasileira.

Comparação com Outros Computadores da Época

Em comparação com outros computadores da época, como o Apple II e o ZX Spectrum, o CP-500 se destacava pela sua construção robusta e compatibilidade com o TRS-80. No entanto, em termos de gráficos e som, ele ficava atrás de alguns concorrentes que ofereciam melhor resolução gráfica e suporte a som mais avançado.

O Fim da Era CP-500

Com o avanço da tecnologia e o surgimento de computadores pessoais mais modernos, como os PCs compatíveis com IBM, o CP-500 gradualmente perdeu espaço no mercado. A Prológica, no entanto, deixou sua marca com esse produto, que até hoje é lembrado com carinho por entusiastas de retrocomputação.


Conclusão

O CP-500 foi mais do que apenas um computador pessoal. Ele representou uma época de inovação e esforço para desenvolver uma indústria nacional de tecnologia no Brasil. Apesar de suas limitações tecnológicas, sua importância cultural e educacional é inegável, tornando-o um ícone da informática brasileira.


FAQs

  1. O CP-500 ainda pode ser encontrado hoje em dia?
    Sim, o CP-500 é altamente valorizado por colecionadores e entusiastas de retrocomputação, mas é raro encontrar unidades funcionando perfeitamente.
  2. Qual era o preço do CP-500 quando foi lançado?
    O preço variava dependendo do modelo e dos periféricos incluídos, mas era considerado acessível para pequenas empresas e instituições de ensino.
  3. O CP-500 era utilizado apenas no Brasil?
    Embora tenha sido projetado para o mercado brasileiro, o CP-500 foi exportado para alguns países da América Latina.
  4. Qual era a principal vantagem do CP-500 em relação a outros computadores?
    Sua principal vantagem era a compatibilidade com o TRS-80 Modelo III, o que permitia o uso de uma vasta biblioteca de software.
  5. Ainda é possível programar no CP-500 hoje?
    Sim, mas isso requer conhecimento da linguagem BASIC e acesso a um hardware funcional, o que pode ser um desafio atualmente.

CP-500 – Cartão de Referência, Recriação do original por Luiz Pacheco

Autor: Rubens Prates
Editora: Livros Técnicos e Científicos
Edição:  2
Páginas: 18
Digitalizado por: Luiz Pacheco
Descrição:  Recriação do original por Luiz Pacheco, colaboração de Gustavo Freitas por ter cedido as imagens do original

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